Eu não estava na Champs Elysées
Não, eu não estava na Avenue
Champs Elysées no momento do atentado. Eu estava assistindo televisão em casa.
Tão logo soube do acontecido,
apressei-me em passar um WhatsApp para a minha mãe, dizendo que eu estava bem,
que estava em casa. Isso não a impediu de me ligar tarde da noite para saber se
eu estava bem. E, vendo a minha cara de sono na telinha, ainda disse “que
bonitinha a cara de sono! ”. Pode? Mãe é assim mesmo, não é?
Eu estava em casa, acompanhei as
notícias e li tudo o que pude, logo cedo, pela manhã.
Mais tarde, quando saí, vi que as
pessoas andavam pelas ruas normalmente. A cidade funcionava, as pessoas iam e
viam para suas casas, trabalho, escola, sem nada de especial.
Como se nada tivesse acontecido.
As ruas continuam cheias, os monumentos com filas imensas, as calçadas lotadas, os canteiros continuam cheios de flor e o céu continua azul.
Entrei no ônibus e comecei a
reparar nas pessoas. Algo que adoro fazer. Na verdade, gosto de inventar
histórias para cada uma delas. Hoje, especialmente, fiquei observando: suas
cores, suas múltiplas cores, como já é padrão na França, uns mais escuros,
outros mais claros, uns mais bem arrumados, outros nem tanto. Duas senhoras bem
francesas, tipicamente francesas, com seus “foulards” e sapatinho baixo.
Mas, tinha uma diferença. O
silêncio.
Os franceses não são muito
barulhentos. Muito pelo contrário. São na sua maioria educadamente silenciosos.
No ônibus, no metrô, num bar, uma vez ou outra, entra um adolescente mais
barulhento. Na maioria das vezes, é só murmúrio.
Hoje estava diferente. Estava
silencioso. Mas o silêncio era pesado e triste.
O silêncio da agressão, da
violência, do terrorismo.
Atos como o que aconteceu ontem
na Champs Elysée deixam as pessoas em pânico na hora. Uma correria, um
desespero. Mas, depois, o que paira é o silêncio da indignação, da revolta, da
impotência.
A sensação é a de que não podemos
fazer absolutamente nada. Se estamos sentados no metrô, ou se estamos andando
numa avenida, ou se fazemos compras num grande supermercado. Nada impede que, a qualquer momento, sejamos vítimas
deste ato de guerra.
Hoje, talvez, tivesse mais
policiais na rua, nas frentes dos prédios públicos, nas entradas das grandes
lojas. Policiais com suas armas pesadas e outros no estilo “segurança de festa”,
quase à paisana.
Amanhã, certamente, estaremos
melhores. E aos poucos, a vida vai retomar o seu ritmo musical.
Na cabeça, o que fica são as
recomendações da Prefeitura.
Em caso de terrorismo, 3 ações:
1. Fuja
2. Se
não conseguir fugir, esconda-se.
3. E,
só depois, avise alguém.
É.....pelo jeito, só rezando.
Gosto da simplicidade das instruções em caso de terrorismo: Fuja!
ResponderExcluirQue sua temporada aí seja de muita alegra e muita paz. Bjs.
ResponderExcluir