"Só quero cantar..."
“Só o que eu quero é cantar,
bicho”. Esta foi a frase que mais me emocionou no filme – Elis.
O filme é sensacional! Eu já tinha visto no avião, depois de algumas tacinhas. Na tela pequena, já entorpecida pelo vinho, com o balanço do vôo e muito sono....dormia e acordava. Vi pouco, mas fiquei curiosa.
Adorei quando eu soube que seria
o filme de estreia do Festival do Cinema Brasileiro em Paris. Perdemos a
estreia por uma dessas coincidências de outros programas na mesma data e hora,
mas fomos depois.
Um cinema bacaninha, L’ Arlequin,
na rue de Rennes. O filme lotou a sala. E olha que não era uma dessas salas
pequenas onde passam filmes ditos “cabeça”.
Não conseguimos assistir os outros filmes do festival. Até uma vida tranquila tem seus dias atribulados e foi uma semana cheia. Nem vimos o que ganhou o prêmio do público – Como nossos pais. Mas o filme Elis nos encheu de orgulho.
Estou longe de ser crítica de cinema. Na verdade, sou uma péssima crítica, pois como digo sempre: “cinema, pizza e cafezinho, qualquer um eu topo”. Mas Elis é um filme que vale a pena.
Aliás, para mim, o cinema
brasileiro ganhou muitos pontos nos últimos anos. Digo isso por onde passo.
Acho importante reconhecer e dizer aos quatro cantos. Afinal, quando está ruim,
a gente reclama. Quando está bom, vamos elogiar, não é? Os filmes brasileiros estão
muito bons!
Elis é um dos
melhores filmes brasileiros dos últimos tempos. Uma verdadeira aula sobre a Música Popular Brasileira. Além de Elis, são protagonistas também, Miéle, Ronaldo Bôscoli e Nelson Motta em cenas regadas a muito whisky. César Camargo Mariano é presença obrigatória. A considerada "maior cantora do Brasil" circula ainda entre Maísa e Nara Leão. E, claro, ótimas cenas de Elis com Jair Rodrigues!
Desde o primeiro acorde, o filme arrepiou. As músicas foram super bem escolhidas e a interpretação da atriz
Andréa Horta foi majestosa. A direção do Hugo Prata é de uma sensibilidade única.
Enfim, um filmão!
Elis, a pimentinha. Eu que pouco sabia da sua vida, fiquei impressionada. Para mim, era uma lenda! Aos poucos, no filme, o mito foi se transformando em ser humano. Uma pessoa ousada e tímida, alegre e triste, animada e deprimida. Uma pessoa de altos e baixos. Alguém que confessou seu medo. Quem foi acuada pelos militares, mas também acuada pelo Henfil. Difícil achar um lugar, um espaço, uma música, uma opinião que agrade a todos!
O filme passa e sua voz fica na cabeça da gente. A cena final é extremamente triste. Pesada! Impactante!
No entanto, a cena que mais me impressionou
foi quando Elis, entre lágrimas, exclama: “eu só quero cantar, bicho...eu só
quero cantar”!
Isso me fez pensar no quanto
somos obrigados o tempo todo a nos posicionar. De preferência com um tom meio intelectualizado
ou com uma bela frase de efeito de algum pensador. A sociedade é extremamente exigente e persecutória! E nesses tempos bicudos de extremismo político, quem
não se posiciona, ou quem não se coloca contra fulano ou beltrano, ou a favor
da presidente ou do presidente, é “alienado”.
Tem dias que podemos ser “Bêbado
e Equilibrista”, mas tem outros que só queremos ser “Me deixas louca”. Sei lá! Acho
que o mundo precisa de mais amor e de mais respeito entre as pessoas. Cada um é
cada um. Será que é tão difícil assim?
Não sei o que deixou Elis tão
infeliz. Se as cobranças, se as decepções amorosas, ou o quê.
Tem gente, bicho, que só quer
cantar...
Quero ver esse filme! Fiquei curiosa! Adoro as músicas de Elis Regina.
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