Esqui - 1 -

Pelo amooooor de Deeeeeeeus! Quem foi que deu a ideia de vir fazer esqui? Eu ia me perguntando, enquanto subia agarrada naquele cano. E nem pense em sentar na parte que fica encostada no seu “derrière”, para ir descansando. É tombo na certa. Tem que subir agarrada mesmo para não cair (claro que os mais profissionais vão soltinhos, soltinhos!). Fico olhando para os lados, pensando. E se eu cair? Fico montando várias estratégias...desço pela neve fofa, desço pelo caminho do “téléski”, ou deslizo até a pista. E se a pista for vermelha ou preta? Porque o “téléski” sobe, mas não necessariamente só tem a pista verde ou azul do lado...Então? Agarro mais ainda!


E o frio? Quantos metros mesmo de altitude que estamos subindo? Mais de 2.000 metros! Um frio de cortar a alma. Racha os lábios, congela as mãos e os pés...que pé? Por mais que você esteja bem equipado, é impossível não sentir os -10 graus. Subo a “pescoceira” até a boca. Queria subir mesmo era até os olhos. Não quero ver mais nada. E quanto mais eu subo, mais me apavoro, pois se subo, vou ter que descer!






A vantagem da “télécabine” é justamente poder subir e descer por ela, sem enfrentar as pistas. Adoro isso! Quando me canso, desço por elas e ainda vou reparando tranquilamente a paisagem. 







Lá no alto, a gente usa ou as “télésièges” (cadeirinhas) ou os “téléskis”. Não é qualquer iniciante que sobe e desce das cadeirinhas sem  um tombo. Por isso, se cair, não se desespere. É normal! 

Mas, se você acha que o sofrimento começa aí, está enganado!


Começa quando a gente calça as botas de esqui. Que tortura! Só de tentar enfiar o meu pé eu já acho que ele vai quebrar em multi pedacinhos. E, depois de calçada, experimente andar pelo gelo com as botas pesadas e escorregadias. Uma dificuldade! Era o que fazíamos para chegar nas “télécabines”, que muitos chamam de “oeufs”, porque têm a forma de ovo. 


O caminho que usávamos, uma pequena trilha cheia de gelo, era super escorregadio. E tínhamos ainda o peso dos esquis nos ombros. Nas mãos, os bastões.

Os meus ombros ficaram superdoloridos. Desistir? Jamais!

Vencido o primeiro desafio.

Encontrei a professora ao lado das “télécabines”. É sempre bom pegar uma aulinha particular. Mesmo para os que já sabem esquiar, eu recomendo. Os instrutores conhecem a estação, sabem onde estão as pistas do seu nível, sempre dão uma ajeitadinha na postura, mandam você dobrar o joelho, fazer movimentos mais leves. Ou ainda, elevam a sua moral quando dizem: “uma campeã!”. Os instrutores te entendem, sabem que você não está ali para se quebrar, mas para se divertir. Duro mesmo é quando eles mandam você se jogar para o lado da descida. Verdade. O movimento certo é quando você, literalmente, se joga para o lado da pista. "Assim, o esqui desliza”! É o que eu escuto o tempo todo durante a aula.


Mas quem disse que eu quero deslizar? Eu quero é frear! E quanto mais eu freio, mas a minha perna dói. Dói o joelho, dói as coxas e até, imagine, os braços. Sim, porque, claro, faço a maior força segurando os bastões, como se eles fossem me ajudar a não cair! Ou seja, para não sentir dor, deixe o esqui te levar, desça com tranquilidade, nada de ficar freando. Mas isso eu só faço nos últimos dias...


Prepara se bem antes de ir esquiar. Sempre é bom estar “malhada”. Digo, uma boa musculação antes de se aventurar no esqui é necessário. Ou então, seja jovem e "malhada", como a minha filha! 

Tivemos sorte. A época que escolhemos foi justamente após os feriados de final de ano e antes das férias de inverno dos franceses. E as pistas estavam super vazias. Ficamos um bom tempo esquiando sozinhos. Descíamos, pegávamos o “téléski” (sim o que a gente fica agarrado no cano!) e descíamos de novo! Sem ninguém!



Sim, porque é duro quando você vai deslizando tranquilamente, no seu ritmo e vem lá de cima, um “campeão qualquer” deslizando a toda velocidade, jogando neve em cima dos seus esquis. Lembra ônibus quando passa em cima da poça e você está na beira da calçada...Além do mais, tem que tomar cuidado, porque já vi muitos esquiadores "profissionais" atropelando outros mais iniciantes. Principalmente os que fazem “snowboard”. Adoram tirar fino da gente!

Todo cuidado é pouco!


A estação – Serre Chevalier – é excelente. Bem grande, com uma grande variedade de pistas, de todos os níveis. As pistas são super bem cuidadas. E em várias delas fazem neve artificial para deixá-las mais “fofas”, sem aquela sensação de gelo.


Pista gelada não é comigo! Escorrega muito e, caso a gente caia, dói! Eu nunca caí. Verdade. Desde os 20 anos fazendo esqui, sem um tombo! Está na hora de parar, para não arriscar mais. Não é?

As pistas também são largas. Isso é muito bom! É o que torna as pistas mais fáceis. Quando elas são largas, a gente pode ir esquiando na largura, evitando pegar muita velocidade nas inclinações.


Creio que a estação é uma das maiores da França. O seu “domaine skiable” tem quatro pontos de partida: Briançon, Chantermele, Villeneuve e Monêtier. Nas duas vezes que fomos, ficamos em Villeneuve, mais precisamente em La Salle les Alpes. Da primeira vez, o nosso ponto de referência, a “télécabine” de subida era o Aravet. Na segunda, a “télécabine” foi a Fréjus. Os dois pontos são excelentes, com pistas igualmente boas e com todos os graus de dificuldade.

O que eu acho importante é tentar alugar o equipamento, sendo botas e esquis, perto de onde a gente pega o transporte de subida para as pistas. Ou, então, que o lugar de estadia seja tão próximo que permita sair de casa já com as botas de esqui.


Nós alugamos os equipamentos numa loja perto da “télécabine” Fréjus. Não era longe do nosso pequeno flat. Íamos até lá de botas “normais” ou , no meu caso, “moon boat” e lá nos equipávamos. Assim, não precisávamos andar uma grande distância com as botas de esqui.


A melhor hora para esquiar é pela manhã, definitivamente. As pistas estão vazias. Eu optei por esquiar “meio expediente”. Sem essa de ficar o dia todo! Quando a gente cansa, as pernas começam a ficar doloridas e descontroladas. Não dá!





No primeiro dia, ainda caí na besteira de tomar um chopp perto da hora do almoço. Chopp com batatas fritas. Para certas pessoas, como eu, álcool não combina com esporte. Saí do restaurante com as pernas bambas e acho que a altitude também não ajudou e não consegui mais esquiar. Voltei para casa meio tonta. Mas deu tudo certo.

No dia seguinte, na hora do almoço, pizza com Coca-Cola. Claro!





Os restaurantes que ficam nas pistas têm sempre um ambiente muito agradável. Pessoas com roupas coloridas, música boa e comida sempre quente e gostosa. No caso de Serre Chevalier, a pizza era uma delícia, acho que por ser próxima da Itália. Um café quente ou um chocolate quente também vão muito bem. Uma delícia!


Os mais fortes se aventuram na cerveja, no chopp ou ainda no vinho. Eu aprendi a lição no primeiro dia! Pernas firmes no esqui , para mim, é fundamental!





Apesar de todo o sacrifício da subida, do frio, dos equipamentos pesados, esquiar é uma delícia. Você sabe que está aproveitando mesmo, quando começa a reparar na paisagem. Aí, você está realmente relaxada. As montanhas brancas, o céu azul, e você se sentir um pequeno ponto naquele “mundão” é uma sensação deliciosa!

Fica a dica!

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