Jacquemart André , uma viagem no tempo.

Existem certas experiências que merecem ser relembradas e, muitas vezes, contadas.

Outro dia, fui numa exposição – Les Jardins Secrets des Hansen. Coleção de impressionistas e pós-impressionistas do casal dinamarquês, Wilhelm e Henny Hansen. Daí o nome da exposição.




Passar os olhos pelos quadros de Cézanne, Matisse, Monet, Pissaro, Sisley, entre outros, é sempre algo que eleva nosso espírito. São paisagens, jogo de luzes, cores e nuances. Podemos com calma observar as cenas do cotidiano de Degas, os retratos de Renoir e a sensualidade de Gauguin. O casal Hansen realmente acumulou, durante anos, belos tesouros! A exposição não é grande. Pude observar com calma e admiração cada quadro, cada pincelada.

Um deleite!




Os impressionistas sempre me encantam. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o Museu em si. O Museu Jacquemart André é uma casa linda, construída entre os anos de 1869 a 1876.

Seu dono, o filho de banqueiro, Edouard André.


Como estava sozinha e com bastante tempo, resolvi usar o “audio-guide”. Assim, conheci toda a história do museu e do casal: Edouard André e Nélie Jacquemart.






Em 1881 eles se casam. Ele, um protestante bonapartista, herdeiro de banqueiro, e ela oriunda de família modesta e católica. Não tiveram filhos. Talvez, por isso, se preocuparam em acumular objetos de arte e garantir a eternidade.

Em 1882 iniciam longas viagens pelo mundo, principalmente, Itália e Oriente. Adquirem grandes obras: pinturas, tapeçarias, afrescos, e até mesmo, lareiras. Em 1893, com a morte do seu marido, Nélie volta a viajar, sempre adquirindo obras e mais obras de arte.


Anos depois, com a sua morte, a casa vira propriedade do “Institut de Frace”, como era seu desejo, bem especificado no seu testamento.

A inauguração do museu, em 1913, foi um sucesso, com a presença, inclusive, do Presidente da França, na época, Raymond Poincaré.






Desde a entrada, a riqueza dos salões, todos com obras maravilhosas, nos deixam boquiabertos.  O casal era fascinado pela pintura do século XVIII e podemos observar os belos quadros de artista da época como, Boucher, Canaletto, Chardin.

Além das pinturas, bibelôs em porcelana, lareiras, esculturas de bustos de personagens da época ou artistas, três grandes obras me impressionaram muito.




A “Réception de Henri III à Venise”, de Giambattista Tiepolo. A obra é tida por especialistas como uma das mais lindas obras do Museu. Foi, inclusive, recentemente restaurada. Este afresco encontra-se no final da escadaria e, só por ela, já vale a visita.


Outra obra que muito me impressionou, talvez por influência da minha filha arquiteta, que sempre nos fala sobre escadas, foi a escadaria. Um projeto do arquiteto Henri Parent leve e imponente, apesar da mistura de materiais como mármore, ferro e bronze.



A terceira obra é o teto da sala de música, de um dos maiores artistas da época, Galland. Um Apollon, protetor das artes. Uma maravilha!


Andar pela casa tranquilamente, observando as tapeçarias, passar pelos seus salões, o de música, o escritório, a biblioteca, os quartos e finalmente, o “fumoir”, onde Edouard André recebia os amigos , após o jantar para contar sobre suas viagens, é uma viagem no tempo. E tudo, literalmente tudo, pleno de obras de arte.





E, no final, para desfrutar ainda de toda a beleza, uma paradinha no lindo salão de chá, com direito a uma taça de champanhe e um “fraisier” delicioso, daqueles super leves... que só pesam na balança! 





Passar uma tarde assim é, sem dúvida, um privilégio que recomendo.

Fica a dica!

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