A Cité
Morar na Cité Internationale
Universitaire é uma delícia. No sul de Paris, com RER e ônibus,
praticamente na porta, que levam diretamente ao Jardim de Luxemburgo, Sorbonne, Boulevard Saint
Michel, Museu do Louvre, Teatro Opera, Les Halles, etc. Em 15 minutos, a pé, chega-se à Place d´Italie, onde tem um vasto comércio. No caminho, passa-se pela famosa Rue des Buttes aux Cailles, com seus restaurantes e bares cheios de estudantes. Na frente da Cité tem um dos parques mais lindos de Paris, o Parc Montsouris. Para os aficcionados por futebol, tem um estádio ao lado, o Stade Charlety. A região é também bem provida de supermercado e, claro, padaria, com uma baguete maravilhosa. Mas, a Cité é muito mais do que a sua posição geográfica. Quer saber mais? Vai lendo que tem!
A Cité Internationale Universitaire de Paris,
conhecida para muitos como Cité, parece coisa de outro planeta. Em uma época de
guerras e extremismos, a Cité mantém uma fleuma de paz e colaboração entre as
nações. Com esse espírito foi criada e é assim que permanece.
Transcrevo aqui a frase que, para
mim, a define: “Dès sa création, les fondateurs de la Cité Internationale
souhaitaient contribuer à la construction d’un monde de paix en créant un lieu
dédié aux échanges internationaux”. “Desde sua criação, os fundadores da Cidade
Internacional desejaram contribuir para a construção de um mundo de paz,
criando um lugar dedicado às trocas internacionais”.
São 40 casas, de diferentes
correntes arquitetônicas, que abrigam 12 mil estudantes, artistas e professores
de diversos países. As casas, na sua maioria, comportam estudantes dos seus
próprios países, ficando uma porcentagem, em torno de 30% para estudantes
estrangeiros. Assim, mantem as suas características nacionais e permitem um
intercâmbio, evitando a formação de “guetos”.
As casas não têm muros. Creio que
a única que exagerou na segurança foi a dos EUA, com umas grades em volta
protegendo a entrada.
Aqui, encontramos gente dos mais variados países: Suíça, Noruega, Dinamarca, Espanha, México, Suécia, Portugal,
Alemanha, Bélgica, Japão, Argentina e muitos outros, além de, claro,
brasileiros.
Não é raro encontrar casais de
diferentes nacionalidades. Mistura de cores e raças que se abraçam e se beijam
pelos cantos ou namorando na “grande pelouse”.
A Cité tem um Restaurante Universitário
– RU. A refeição é barata, de qualidade e diversificada. O restaurante tem 4
ilhas: grelhados, massa, vegetariano e o prato do dia. Fomos lá outro dia, mas
não é muito a minha praia. Acho que tudo tem seu tempo. E o meu tempo de RU já
passou.
Frequentamos mais o restaurante
do Collège d’ Espagne – a Casa da Espanha. Compartilhamos a mesa com
professores, estudantes ou trabalhadores. É quase um bandejão. Tem os pratos do
dia, com entrada e sobremesa. Sempre tem uma opção de prato de peixe. Ou ainda, pode-se
solicitar determinados pratos, como:“cordon bleu” com salada, quiche, sanduíche ou
ainda omelete. É barato e prático, pois assim não preciso enfrentar a cozinha todos os dias. Recentemente abriu uma nova opção, o restaurante do teatro. É vegetariano. Eu gostei bastante.
Além das Casas , existe a “Maison
Internationale”, que eu apelidei de “casa central”. Além de ser uma construção linda, é onde fica a administração
da Cité, o RU, a biblioteca, a piscina, a academia, o banco, a cafeteria, o teatro,
etc.
É possível fazer esporte também
na Cité. Além dos espaços de piscina e academia dentro da Maison
Internationale, do lado de fora tem quadras de tênis, de basquete, de futebol e
ainda tem o grande bosque, com trilhas cuidadosamente preparadas para corridas
ou caminhadas.
Existem ainda outros espaços onde
se praticam zumba, yoga, esgrima , etc.
Gente, o lugar é fantástico! Além de todas as atividades esportivas, ouve-se música. Sim, andando de um lado para o outro, é normal escutar um piano, ou um coral ensaiando, ou ainda, um violino sendo tocado à sombra de uma árvore. Quase sempre que passamos, por exemplo, pela Casa da Itália, tem alguém tocando música, ou cantando uma ária.
A paisagem ao longo do ano vai mudando do verde da primavera e do verão, para o amarelo avermelhado do outono. No inverno, tivemos muita neve, que mudou o cenário, igualmente lindo.
Logo chegaremos ao mês de maio,
quando a Cité vira uma festa. É quando acontece a “Fête de la
Citê”. A maioria das Casas se apronta para abrir suas portas em festa, com
especiarias típicas da sua terra. A organização é do Comitê de
Residentes, com o apoio da direção de cada Casa.
Ano passado fizemos na Casa do Brasil
uma Festa Junina, com um DJ tocando música brasileira, quentão, pastel,
cachorro-quente e até brigadeiro! Foi um sucesso!
A festa da Casa da Bélgica também
é muito boa. Saboreamos batatas fritas e tomamos a famosa cerveja belga.
Uma das Casas mais animadas, onde
sempre tem festa, é a Maison de l’Inde, a Casa da Índia. São super festeiros!
Enquanto passeávamos de casa em
casa, íamos observando a “garotada” se divertindo. Estar ali, convivendo com várias
nacionalidades, bem alojados, morando num verdadeiro bosque e em Paris é, sem
dúvida, um privilégio!
Algo que vale a pena falar sobre o “the
day after”. No dia seguinte das festas, na 2ª feira, nenhum papel no chão. Tudo
limpo! Aqui se faz a festa e depois se faz a limpeza!
A Cité também é uma maravilha de
arquitetura. As casas, de datas diferentes, seguem um pouco o padrão da
arquitetura dos seus países. A Casa da Suécia é uma graça. É a menor da Cité e parece uma casa de desenho animado. A simpatia do seu diretor também a faz ser super acolhedora.
Como não se encantar com a cerejeira da Casa do Japão? Fiquei impressionada com a Casa da Grécia que tem realmente um estilo “helênico”. A de Cuba me pareceu bem diferente do que eu imaginava. A mais antiga – Fondation Deutsch de la Meurthe (carinhosamente apelidada de “Harry Potter”) - me lembra Oxford.
Como não se encantar com a cerejeira da Casa do Japão? Fiquei impressionada com a Casa da Grécia que tem realmente um estilo “helênico”. A de Cuba me pareceu bem diferente do que eu imaginava. A mais antiga – Fondation Deutsch de la Meurthe (carinhosamente apelidada de “Harry Potter”) - me lembra Oxford.
A nossa casa do Brasil foi criada em 1959 com projeto de Lúcio Costa e Le Corbusier. Depois de
um tempo sem muita manutenção e com problemas de direção, a casa teve que ser
toda reformada. Um longo e minucioso processo de revitalização fizeram o que
ela é hoje. É uma das mais visitadas e das mais diferentes. Lembra Brasília!
Além do projeto arquitetônico
moderno dos anos 50, a casa abriga móveis da famosa designer Charlotte
Perriand. São móveis desenhados exclusivamente para a Casa, a pedido, na época, do Le Corbusier, com quem Charlotte trabalhava. Somente um dos quartos da casa – "chambre témoin" - mantém ainda os originais dos móveis da época.
Existem também peças originais do Le Corbusier e da Charlotte Perriand no gabinete
e na residência da direção.
Outra Casa que muito me
impressionou pelo design dos móveis e das luminárias foi a Fondation Danemark (Dinamarca). Fiquei
encantada com os móveis do designer Hanswegner e com as luminárias do Poul Henningsen.
Aqui é assim, em
cada canto uma boa surpresa!
Existe uma vasta programação
cultural. Acho que se a gente quisesse, teríamos show, concerto, cinemas,
palestras todos os dias. Não vamos a todos. Aqui na Casa do Brasil, já fizemos algumas
atividades, como algumas exposições de fotografia, de arquitetura, shows de música e o famoso
show do clube de choro de Paris que acontece todos os anos no mês de fevereiro. A direção da Casa valoriza bastante os trabalhos acadêmicos e quase toda
quarta-feira, um ou mais estudantes apresentam suas pesquisas.
Como a Cité é aberta ao público,
nos finais de semana, especialmente, enche de gente que vem passear e conhecer
um pouco as diferentes arquiteturas. Tem quem venha correr, passear
com os filhos ou jogar bola no grande gramado. Passeia-se com tranquilidade. Muitos pais com seus bebês nos carrinhos ou brincando na grama. O lugar é seguro e a prioridade é do pedestre!
Sem dúvida, uma festa!
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