Verão em Paris
Há quem diga que o verão em Paris não é bom. Um dos motivos desta afirmação é que a melhor sorveteria de Paris – Berthillon – fica fechada. Exato, ela fecha. No entanto, existem mil outros cafés e bares e sorveterias que vendem os famosos sorvetes. Assim como existem diversos outros pontos de sorveterias que valem a pena ser descobertos.
Já passei vários verões aqui em
Paris e nunca me decepcionei, nem senti falta de nada. Este verão está sendo um
tanto quanto sofrido para os que não gostam de calor, como eu. A tal da “canicule” que é
o fenômeno que eles chamam aqui para essa onda de calor, parece que parou em
Paris durante todo este mês de agosto.
A sensação ainda piora com as
notícias alarmantes dos jornais sobre a “canicule” de 2003. O
número de mortes foi tão alto – 20 mil – que a Prefeitura não tinha onde
armazenar os corpos para identificação. As atenções se voltam especialmente
para os idosos. Eles ligam para as casas das pessoas para lembrá-las de beber
água, por exemplo. Ou, ainda, distribuem garrafinhas de água de graça nas ruas
e estações de trem.
Outra grande preocupação é com a
poluição, com as altas taxas de CO2 e com a camada de ozônio. Assim, tomam
providências para combater o número de veículos nas ruas. Aqui em Paris, entre
outras determinações, a Prefeitura criou um passe de transporte público bem barato para
a utilização diária e ilimitada pela população. A ideia é deixar o carro
em casa.
Por outro lado, é o forte calor
que nos permite sentar do lado de fora dos cafés e tomar um chopp, um monacô, e
mesmo uma tacinha de Champagne gelada. Vale a pena também pedir uma Perrier e
nem precisa pedir copo com gelo e limão, já está subentendido.
As ruas ficam vazias de
parisiense, o que é uma vantagem....E lotada de turista. A cidade muda de cara.
Sempre tem turista, mas misturado aos parisienses. Nestes meses de verão o
cenário é outro.
Se andar de bicicleta em Paris já é uma delícia, em julho e agosto fica melhor ainda. As ruas ficam vazias, o trânsito fica bem mais tranquilo. É hora de pedalar.
É uma boa época para fazer
pequenas compras. As lojas estão nos seus dias finais de liquidação. Dá para
achar ainda muita coisa e o melhor é que os descontos passam dos iniciais 30%,
para 50% e 70%. É ótimo!
Aproveite também os parques e jardins. Ficam lindos, floridos, coloridos e animados. Use e abuse das cadeirinhas verdes espalhadas pelo "Jardin du Luxembourg" ou explore o "Jardin des Plantes" ou ainda o "Parc Montsouris". Se for para o lado direito do rio, "rive droite", tem o "Parc Monceau" e a linda "Place des Vosges". São passeios que valem a pena. E aproveite para reparar que muita gente passa por eles, muitas crianças correm, se divertem, muita gente come, faz piquenique, e tudo está sempre limpo!
Sim, vários restaurantes fecham
durante o período de férias, normalmente de 15/20 de julho, a 15/20 de agosto. Então, é hora de diversificar. Garanto que Paris tem tanto restaurante que dá para
deixar alguns fechados em julho e agosto sem prejuízo para a sua gastronomia.
Eles realmente levam as férias a
sério. Para a manutenção da casa, por exemplo, muitas vezes não se consegue uma
determinada peça para o conserto de um ar condicionado, ou não conseguimos que
a empresa instale o vidro do box, porque estão de férias. Isso é
impressionante!
As padarias, farmácias, pequenos "bistrots" dos bairros residenciais também entram de férias. Mas se alternam. Não
fecham todos ao mesmo tempo. Ou seja, há jeito para tudo, pois se embora a peça
do ar condicionado não foi possível conseguir, apela-se para um ventilador.
Como sou fã desta cidade, acho
que toda época vale a pena. Apenas temos que desfrutar do que é melhor para se
fazer. O período agora é de passear pelas ruas, aproveitar o entardecer, tirar
fotos com o céu azul (quase um céu de Brasília...), comer saladas (os restaurantes oferecem
várias opções), assistir aos shows de rock, ou mesmo observar os casais
dançando tango e rumba na beira do Sena.
Os monumentos e museus mais
famosos ficam com filas quilométricas, mas as opções são inúmeras. O Museu do
Quais Branly, por exemplo, outro dia estava vazio. Ou ainda, o Museu da la Vie
Romantique, que nem todo mundo conhece, e até mesmo o do Rodin não estava tão
cheio.
É uma época também para
aproveitar os restaurantes que têm terraço, ou que servem nos jardins. Gosto muito
de três, que não são estrelados, mas que têm um menu simpático e nem tão caro
que são: “Café de l'Homme”, com vista para a Torre Eiffel e, pertinho dali, o “Monsieur Bleu”, no Palais de Tokyo, que também é muito agradável. E quem quiser
desfrutar dos jardins do Louvre, no Tuileries, recomendo o “Loulou”. Tomar uma
tacinha na cour do restaurante da Polo Ralph Lauren, no Bd. Saint Germain,
também tem seu charme. Se quiser um que é sempre aberto e sempre tem ótimas
opções vá no "La Rotonde", um dos nossos restaurantes preferidos aqui em Paris.
E se não quiser fazer nada disto,
simplesmente, recoste-se nos muros do Sena e observe a vida passar.
As belas
paisagens de Paris são perfeitas para a contemplação. Bom proveito!
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