Tchau Paris
Agora que eu
já consigo pronunciar “oignon” de maneira que qualquer feirante me entenda,
Agora que eu
já consigo discutir com “garçon” francês e até escolher lugar em restaurante,
Agora que eu
renovei as minhas carteirinhas dos Museus Orsay e Louvre,
Agora que eu
já não me perco entre as ruas Cherche Midi, St. Placide, Vieux Colombier,
Bonaparte...
Agora que eu
não confundo mais St. Sulpice com St. Placide,
Agora que eu
reaprendi a cozinhar,😅😅😅
Agora que eu
já decorei os dias em que as padarias perto de casa fecham,
Agora que eu
já sei a diferença entre baguette e “tradi”,
Agora que eu já entendi o que é café, brasserie, bistrot,
Agora que eu já entendi o que é café, brasserie, bistrot,
Agora que
estamos com o nosso título de séjour na mão,
Agora que
descobri os encantos da Rive Droite, apesar de continuar preferindo a Rive
Gauche,
Agora que a
Sorbonne, a Science Po, as artes e a literatura estão mais próximas,
Agora que
consegui uma porta decente para o box,
Agora que já
sei direitinho o caminho dos ônibus 67 e 21,
Agora que já
estamos tão acostumados com a nossa casa, com as pessoas, com o estilo francês,
Agora, vamos
embora.
Vamos embora
com um aperto no coração. Uma saudade que fica da vida tranquila, sem
sobressaltos, nem atropelos. Saudade de fazer planos, pegar um carro, ou trem e
escapar no final de semana.
Saudade de ir ali no restaurante português, quase tão perto como se fosse a "copa " da nossa cozinha e comer uma comidinha caseira, com sotaque português.
Saudade de sentir saudade.
Saudade de ir ali no restaurante português, quase tão perto como se fosse a "copa " da nossa cozinha e comer uma comidinha caseira, com sotaque português.
Saudade de sentir saudade.
Vamos embora com a consciência tranquila de uma oportunidade
aproveitada até o último minuto.
Trabalho feito. Missão cumprida.
Cultura e ensinamentos
adquiridos.
Passou
rápido.
Fica a
certeza de que não precisamos dizer nunca mais.
Fica a
certeza de que não precisamos comer todos os croissants e baguettes. A gente
sempre volta.
Fica a
certeza de que sempre existirão exposições acontecendo e que é impossível ir a
todas.
Fica a
certeza de que as óperas continuarão a ser um ótimo programa, sejam as apresentações
na sala Garnier ou no Opera de la Bastille ou, ate mesmo, na cour dos Invalides.
Fica a
certeza de que é impossível ver todas as obras do Louvre, que o Orsay é sempre
acolhedor, que o Orangerie nos transmite a paz que Monet desejava e que o Centre Georges Pompidou é simplesmente fantástico!
Fica a
certeza de que o cheiro do metrô será sempre o mesmo.
Fica a
certeza de que os hábitos dos passageiros do metrô mudaram. Passaram dos livros
para a tela, mas que a cara das pessoas não muda.
Fica a
certeza de que em nenhum lugar tem tanta livraria.
Fica a
certeza de que não devemos nunca dizer adeus, sempre pode existir um até breve.
Foi muita
história para contar.
Foi muito momento
de saudade.
Foi muita correria
para pegar o ônibus saindo.
Foi muita
pedalada.
Teve também,
corridinhas em manhãs geladas.
Teve também,
escapadinhas para fazer ski.
Teve também,
viagens para grandes capitais.
Teve, ainda
mais, viagens por todo o território francês.
Teve jantar
em Embaixada, na Sorbonne, em restaurantes estrelados e, finos. E teve, mais
ainda, jantares no boteco da esquina.
Teve
palestra sobre diversos temas, de arquitetura a Tom Jobim.
Teve até
Prêmio Nobel perto da gente.
Muito livro foi lido.
Muito livro foi lido.
Muito texto
foi escrito.
Muita
política foi discutida.
Muito vinho
foi bebido.
Muito doce foi degustado.
Muita
história
para contar.
para contar.
Muita
lembrança
para recordar.
lembrança
para recordar.
Muita
fotografia para organizar.
fotografia para organizar.
Atravessamos
muitas pontes.
Pegamos
muitos trens.
Gargalhamos
muito das nossas falhas.
Choramos
muito de emoção.
Divertimo-nos
muito com nossas visitas.
Compramos
muito mais do que um de nós gostaria.
Compramos
muito menos do que o outro de nós gostaria.
E, além de
tudo isso, teve muito trabalho.
Ouvimos
muitos elogios.
Encantaram-nos
com convites.
Fomos muito
bem acolhidos.
Sentimo-nos
mais do que queridos.
Jamais
seremos os mesmos.
Paris fez isso novamente.
"A gente sai de Paris, mas Paris não sai da gente"!
É isso mesmo, não estou enganada.
Ao meu Deus, o meu muito obrigada.
"A gente sai de Paris, mas Paris não sai da gente"!
É isso mesmo, não estou enganada.
Ao meu Deus, o meu muito obrigada.
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